Segundo Cordas (2004), Habermas (1986, 89) o primeiro caso sugestivo de Anorexia Nervosa ocorreu em uma serva que viveu no ano de 895. A jovem após apresentar um apetite voraz e descontrolado, para tentar diminuí-lo, buscou refúgio em um convento e nele, com o tempo, foi restringindo sua dieta ate passar a efetuar longos jejuns. Embora inicialmente ainda conseguisse manter suas obrigações conventuais, rapidamente seu quadro foi se deteriorando até a sua morte, por desnutrição.
No ano de 1694, Richard Morton (Pearce, 2004) é o primeiro a relatar a Anorexia Nervosa, descrevendo o tratamento de uma jovem mulher com recusa em alimentar-se e ausência de ciclos menstruais, que acabou morrendo de inanição com suas faculdades mentais básicas preservadas.
Em 1873, o francês Charles Laségue, descreve a anorexia nervosa como uma doença autônoma denominada por ele de anorexie histérique e, descrevia o transtorno da seguinte maneira: “forma peculiar de doença que afeta principalmente mulheres jovens e caracteriza-se por emagrecimento extremo...” cuja “falta de apetite é ...decorrente de um estado mental mórbido e não a qualquer disfunção gástrica...” (Cordás e Claudino, 2002).
Mas foi William Gull quem utilizou pela primeira vez a expressão "anorexia nervosa" em uma conferencia dada em Oxford (Gull, 1874): "forma peculiar de doença que afeta principalmente mulheres jovens e caracteriza-se por emagrecimento extremo” cuja “falta de apetite é decorrente de um estado mental mórbido e não a qualquer disfunção gástrica". Gull descartou a possibilidade que uma enfermidade orgânica justificasse a anorexia.
Na mesma época e de maneira quase simultânea, surgiu a descrição da doença por Laségue (1873), qualificando-a de inanição histérica e considerando-a, da mesma forma que Gull, uma doença psicogêna (Toro,1996). No final do século XIX, em 1893, Freud descreveu um caso de anorexia tratado com hipnose, um ano mais tarde descreveu a doença como uma psiconeurose de defesa, ou neurose da alimentação com melancolia .
Em 1874, William Gull descreve três meninas com quadro anoréxico restritivo denominando-o de apepsia histérica. Charcot detectou, por volta de 1889, que a idée fixe d obesité ou fobia de peso seria o elemento psicopatológico central que motivava as a anorexia em mulheres. A antiga idéia de Charcot é corroborada por Crisp, em 1980, que considerou a anorexia nervosa como um estado de fobia de peso.
Em 1903, Pierre Janet relata um caso de uma moça de 22 anos, que apresentava repulsa e vergonha de seu corpo com constante desejo de emagrecer, quadro que denominou de anorexie mental. O autor relacionou a busca intensa da magreza à necessidade de protelar a maturidade sexual e sugeriu dois subtipos psicopatológicos, obsessivo e histérico.
Foi em 1973 que Hilde Bruch propôs a psicopatologia central da anorexia nervosa estribada em três áreas de perturbação do funcionamento psíquico:
1. - transtornos da imagem corporal;
2.- transtornos na percepção ou interpretação de estímulos corporais, como por exemplo reconhecimento da fome e;
3. - uma sensação paralisante de ineficiência que invade todo o pensamento e atividades da paciente.
1. - transtornos da imagem corporal;
2.- transtornos na percepção ou interpretação de estímulos corporais, como por exemplo reconhecimento da fome e;
3. - uma sensação paralisante de ineficiência que invade todo o pensamento e atividades da paciente.
Um agravante é que, nas últimas décadas, ser fisicamente perfeito tem se convertido num dos objetivos principais (e estupidamente frívolos) das sociedades desenvolvidas. É uma meta imposta por novos modelos de vida, nos quais o aspecto físico parece ser o único sinônimo válido de êxito, felicidade e, inclusive, saúde.
Um comentário:
Boa resenha histórica. Parabéns. Vou dar conta desta notícia e juntar alguns links no meu blogue.
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