Em menos de dois meses, quatro jovens garotas morreram de anorexia, em casos de enorme repercussão no Brasil, provocando um debate nacional sobre imagem corporal e distúrbios alimentares. Trata-se de um problema novo no país, e sem dúvida intriga e choca os brasileiros. Acabar com a fome que vitima milhões de pobres no Brasil é, por tradição, uma importante causa política. Logo, a idéia de que há pessoas morrendo de fome de propósito é difícil de ser assimilada pela maioria dos brasileiros.
No caso mais recente, Beatriz Cristina Ferraz Bastos, estudante e estagiária de 23 anos, morreu na véspera de Natal, pesando apenas 34 quilos. Na página da garota no Orkut, um site web popular entre os jovens brasileiros, ela descrevia-se como "magra" depois da fase "gorda pesando 50 quilos" quando era adolescente, e incluía fotografias antes e depois para comprovar seu argumento.
A primeira morte, em meados de novembro, foi de Ana Carolina Reston, modelo de 21 anos, e foi em princípio considerada motivo de indignação. Quando morreu, Ana, com 1,76 de altura, pesava apenas 36 quilos, e estava sendo submetida a tratamento médico depois de ter desmaiado numa sessão de fotos no Japão.
Poucos dias depois, porém, uma estudante de moda de 21 anos também morreu vítima da anorexia. No início deste mês, mais uma morte, a da manicure de 23 anos, que causou furor na imprensa, com artigos e programas de televisão especulando sobre a idéia de que a obsessão no Brasil pela beleza física está fugindo ao controle.
Num nítido sinal de que o assunto atingiu a conscientização do público, uma famosa novela de televisão, "Páginas da Vida", incluiu uma personagem, a bailarina adolescente que sofre de bulimia. Além disso, uma revista de notícias semanal publicou uma matéria de capa no mês passado mostrando uma fotografia de Ana acompanhada da manchete "Dentro da Mente de uma Anoréxica".
Ao mesmo tempo, porém, mais de 11 milhões de famílias, a maioria habitante da carente região Nordeste do país, beneficiam-se de um programa do governo que paga uma pequena remuneração aos que não têm o suficiente para comer. De acordo com o órgão oficial de estatística, pelo menos 8% da população brasileira de 185 milhões de pessoas estão abaixo do peso, fato causado, na vasta maioria dos casos, por extremas condições de pobreza que as priva de uma dieta adequada.
As quatro mortes causadas por anorexia, em contraste, ocorreram no estado de São Paulo, o mais populoso, próspero e moderno do país. É também a capital da indústria da moda no Brasil, a qual vem sofrendo pressões para tomar medidas que protejam as modelos profissionais e desestimulem garotas comuns a passarem fome para adequarem-se à idéia de beleza feminina disseminada por estilistas e agentes de moda.
Gisele Bündchen, modelo que nos últimos anos integra a lista das mais conhecidas e bem-sucedidas do mundo, é brasileira. A fama e riqueza da modelo são extremamente admiradas aqui e levaram milhares de garotas a se matricular em escolas de modelos e se inscrever em concursos, os quais se proliferam a cada dia.
No mês passado, após a morte de Ana, Gisele Bündchen concedeu uma entrevista à "Folha de São Paulo", um dos principais jornais da capital. Ela criticou a obsessão internacional pela magreza e implorou que as garotas que querem imitá-la não caiam nessa armadilha.
"Infelizmente, com a concorrência do nosso meio, muitas garotas dão mais importância ao trabalho e a algumas noções de beleza do que à própria saúde", afirmou. "Passar fome para se enquadrar num determinado padrão é um erro enorme e não garante o sucesso de ninguém".
No evento anual São Paulo Fashion Week Os organizadores disseram que irão solicitar atestados de que todas as modelos inscritas tenham no mínimo 16 anos e de que estão bem de saúde. Eles também anunciaram o lançamento de uma campanha de conscientização sobre saúde e anorexia que inclui chamadas impressas, em rádio e TV e internet, além da distribuição de folhetos e realização de palestras em escolas.
No caso mais recente, Beatriz Cristina Ferraz Bastos, estudante e estagiária de 23 anos, morreu na véspera de Natal, pesando apenas 34 quilos. Na página da garota no Orkut, um site web popular entre os jovens brasileiros, ela descrevia-se como "magra" depois da fase "gorda pesando 50 quilos" quando era adolescente, e incluía fotografias antes e depois para comprovar seu argumento.
A primeira morte, em meados de novembro, foi de Ana Carolina Reston, modelo de 21 anos, e foi em princípio considerada motivo de indignação. Quando morreu, Ana, com 1,76 de altura, pesava apenas 36 quilos, e estava sendo submetida a tratamento médico depois de ter desmaiado numa sessão de fotos no Japão.
Poucos dias depois, porém, uma estudante de moda de 21 anos também morreu vítima da anorexia. No início deste mês, mais uma morte, a da manicure de 23 anos, que causou furor na imprensa, com artigos e programas de televisão especulando sobre a idéia de que a obsessão no Brasil pela beleza física está fugindo ao controle.
Num nítido sinal de que o assunto atingiu a conscientização do público, uma famosa novela de televisão, "Páginas da Vida", incluiu uma personagem, a bailarina adolescente que sofre de bulimia. Além disso, uma revista de notícias semanal publicou uma matéria de capa no mês passado mostrando uma fotografia de Ana acompanhada da manchete "Dentro da Mente de uma Anoréxica".
Ao mesmo tempo, porém, mais de 11 milhões de famílias, a maioria habitante da carente região Nordeste do país, beneficiam-se de um programa do governo que paga uma pequena remuneração aos que não têm o suficiente para comer. De acordo com o órgão oficial de estatística, pelo menos 8% da população brasileira de 185 milhões de pessoas estão abaixo do peso, fato causado, na vasta maioria dos casos, por extremas condições de pobreza que as priva de uma dieta adequada.
As quatro mortes causadas por anorexia, em contraste, ocorreram no estado de São Paulo, o mais populoso, próspero e moderno do país. É também a capital da indústria da moda no Brasil, a qual vem sofrendo pressões para tomar medidas que protejam as modelos profissionais e desestimulem garotas comuns a passarem fome para adequarem-se à idéia de beleza feminina disseminada por estilistas e agentes de moda.
Gisele Bündchen, modelo que nos últimos anos integra a lista das mais conhecidas e bem-sucedidas do mundo, é brasileira. A fama e riqueza da modelo são extremamente admiradas aqui e levaram milhares de garotas a se matricular em escolas de modelos e se inscrever em concursos, os quais se proliferam a cada dia.
No mês passado, após a morte de Ana, Gisele Bündchen concedeu uma entrevista à "Folha de São Paulo", um dos principais jornais da capital. Ela criticou a obsessão internacional pela magreza e implorou que as garotas que querem imitá-la não caiam nessa armadilha.
"Infelizmente, com a concorrência do nosso meio, muitas garotas dão mais importância ao trabalho e a algumas noções de beleza do que à própria saúde", afirmou. "Passar fome para se enquadrar num determinado padrão é um erro enorme e não garante o sucesso de ninguém".
No evento anual São Paulo Fashion Week Os organizadores disseram que irão solicitar atestados de que todas as modelos inscritas tenham no mínimo 16 anos e de que estão bem de saúde. Eles também anunciaram o lançamento de uma campanha de conscientização sobre saúde e anorexia que inclui chamadas impressas, em rádio e TV e internet, além da distribuição de folhetos e realização de palestras em escolas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário