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segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

O tratamento

Normalmente o paciente é levado para tratamento pela família, após a ocorrência de uma acentuada perda de peso ou fracasso em fazer os ganhos de peso esperados. Quando o paciente busca auxílio por conta própria, geralmente é em razão do sofrimento pelas seqüelas físicas e psicológicas . Raramente o paciente se queixa da perda de peso . Essas pessoas não possuem insight para o problema ou apresentam uma negação quanto a este. Por isso, se torna necessário obter informações a partir dos pais ou outras fontes externas, para determinar o grau de perda de peso e outros aspectos da doença. Uma das primeiras dificuldades é aderir o paciente ao tratamento, pois, a negação da doença é parte integrante do quadro. As pacientes desconfiam dos médicos, os quais elas vêm como inimigos e interessados apenas em realimentá-las, em fazê-las perder a vontade de controlar seus pesos. Portanto, o médico deve encorajar hábitos alimentares normais e ganhos de peso sem que se torne o único foco do tratamento. Dependendo das condições clínicas da paciente, é necessário, em função de uma caquexia, a internação da paciente para restabelecimento de sua saúde em ambiente hospitalar. A família deve ser orientada sobre a gravidade do problema, sobre falsas expectativas e de que a cura não será fácil.Se o tratamento é em regime de hospitalização procede-se à correção hidroeletrolítica, dieta hipercalórica mesmo contra a vontade da paciente, correção de possíveis alterações metabólicas e início do tratamento psiquiátrico.Psicologicamente deve-se abordar o caso cognitivamente e comportamentalmente, encorajando a adoção de atitudes mais sadias por parte da paciente, que é recompensada com elogios e diminuição de situações aversivas como restrição de sua mobilidade. A psicoterapia individual é indicada visando a modificação do comportamento, das crenças e dos esquemas falhos de pensamento.

A psicofarmacoterapia é indispensável , se faz às custas de antidepressivos, notadamente com tricíclicos que tenham como efeito colateral também o estímulo do apetite e o ganho do peso, como é o caso da maprotilina, amitriptilina ou clomipramina. Havendo necessidade de sedação (quase sempre há), recomenda-se que seja feita com neurolépticos , preferentemente, com os que aumentam o apetite, como é o caso da levomepromazina.
Mesmo após a melhora é bom ter em mente que as recaídas são freqüentes. No caso da internação, a taxa de recidiva imediata é superior a 25%. É ainda discutível o efeito do tratamento sobre a evolução final a longo prazo da doença. Alguns estudos verificaram que 40% dos pacientes recuperaram-se, 30% melhoraram, 20% permaneceram cronicamente afetados e 10% morreram em consequencia da doença. Problemas de alimentação persistem em mais da metade desses pacientes. É sabido que quanto mais cedo o diagnóstico e a intervenção, melhor é o prognóstico e também que os homens tem um prognóstico menos favorável que as mulheres. A taxa de mortalidade depende do tempo de duração do quadro, da precocidade da intervenção, da presença ou não de quadros depressivos associados, do grau de desnutrição e se a anorexia é complicada pela presença de purgação. A taxa bruta de mortalidade varia de 5 a 18%, sendo 5.6 vezes maior que na população geral.Adolescentes vítimas de anorexia, que apresentam ossos enfraquecidos devido ao distúrbio alimentar, podem recuperar a resistência óssea característica da sua idade ao retomarem hábitos alimentares normais.

Para algumas pessoas,escrever ajuda bastante,no caso de um paulistana, por exemplo o diário foi o instrumento que melhorou a sua vida. Há oito anos, ela começou a ter anorexia. Na época, pesava 68 quilos. Resolveu fechar a boca e chegou a ficar com 36, sendo que mede 1,60m. "Achava que até água engordava". Hoje, ela recuperou o peso perdido. "Escrever te faz tomar consciência do problema e te fortalece".A empregada baiana Olinda de Souza, 28 anos, também está superando o problema. Ela conta que não tem muita disciplina para fazer o diário, mas admite que o livro ajuda na terapia.Também há tratamentos alternativos como o uso da "Erva de São João",popularmente usado como antidepressivo e o uso do "Método Feldenkrais" o qual através do movimento ajuda as anoréxicas. Esta técnica envolve uma série dos exercícios projetados para explorar a junção, o músculo e relacionamentos postural para aumentar a consciência corporal e desenvolver padrões alternativos do movimento. Um outro objetivo é a flexibilidade e coordenação . A técnica emprega também a percepção.

A paciente deve sempre ter em mente que paciência e persistência são fundamentais.A preocupação em quanto se deve ou não engordar e o quanto é "certo" ou não varia de pessoa para pessoa. Mas,a necessidade do corpo deve falar sempre mais alto do que a necessidade de se ver magra no espelho,ou seja é importante que a pessoa respeite oque quer e o que sente,seja comendo uma caixa de bis ou frutas,o corpo tem suas necessidades e é importante saber ouvi-las, para isso,a imagem que a pessoa tem de seu corpo tem de ser "desligada" na hora em que ela se alimenta,pois só assim a recuperação será realmente boa,se ela partir do interior da pessoa e não da família, amigos, mídia,etc. O exagero de uma pessoa normal pode ser um bom exemplo para que a pessoa com anorexia não se ache estranha ou que está engordando rápido demais,pois quanto menor o peso mais difícil é a manutenção dele.

A pior coisa que um anoréxico deve ouvir é que está engordando, poderá ser o fim de seu tratamento ou o fim de sua vida !

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